Velozes e Furiosos 10: revisão completa

Velozes e Furiosos 10: revisão completa

Após uma extensa quantidade de filmes e décadas de entretenimento, a adorada família do cinema chega a Velozes e Furiosos 10, o primeiro capítulo em direção à trilogia final da série. Nesse ponto, parece retórico e um tanto fútil fazer perguntas começadas com “por que”. Muitas vezes consigo imaginar Vin Diesel respondendo com seu icônico sorriso malicioso: “porque eu quero”, é claro. Dito isso, uma coisa é certa: desde o quarto filme da franquia, a qualidade narrativa tem sido baixa, mas a satisfação e a alegria só crescem exponencialmente. E é sob essa perspectiva que tudo se torna mais divertido de analisar.

É fácil argumentar que os absurdos progressivos de Velozes e Furiosos transformam qualquer roteiro em uma confusão maluca de retcons, personagens de Schrödinger e narrativas que se perdem completamente de A a B. No entanto, foi ao aceitar e abraçar cada um dos clichês dos quais ela é composta que a série encontrou um lugar ao sol e a paz para ser autêntica. Em Fast X, nada disso é diferente, e a clássica frase de Buzz Lightyear nunca foi tão verdadeira – embora na produção anterior Roman Pearce e Tej tenham realmente ido para o espaço.

A trama do filme é bastante simples, desde que você evite fazer muitas perguntas. Lembra do vilão de Velozes e Furiosos 5, o traficante brasileiro Hernan Reyes? Bem, ele tem um filho que nunca foi mencionado antes, Dante, interpretado por Jason Momoa, que está mais caricato do que nunca. Em busca de vingança pelo pai, ele promete caçar cada membro da equipe de Dominic Toretto, não importa o que custe. Viu, eu disse que era simples.

Jason Momoa é conhecido principalmente por papéis como Aquaman e Khal Drogo, ou seja, personagens que se destacam pelo seu carisma único. Dante segue a mesma linha. Com roupas extremamente extravagantes e uma frase de efeito sempre pronta na ponta da língua, o novo vilão conseguiu roubar a atenção em todas as cenas em que aparece. É impossível não sentir o magnetismo desse personagem, e muito disso se deve totalmente a Momoa, que parece ter se divertido como nunca interpretando sua própria versão de um Coringa com trejeitos de um bicheiro carioca.

Com um elenco repleto de grandiosidade e quantidade, é natural que certos atores e personagens tenham pouco tempo em tela. A lendária Rita Moreno, por exemplo, a avó de Toretto, fala pouco mais do que algumas frases e desaparece – embora a atriz seja capaz de emocionar com seu jeito singular de ser. O mesmo acontece com Brie Larson, Helen Mirren e outros grandes nomes que servem apenas para mostrar que todo mundo quer fazer parte da franquia Velozes e Furiosos.

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Essa dinâmica acaba, às vezes, deixando claro que não há espaço para que todos brilhem. O filme opta por dividir o grupo em pequenos núcleos que funcionam de forma independente, quase como uma dica para os futuros spin-offs da franquia. “Ei, estúdio, olha como Roman e Tej funcionam sozinhos! E que tal Letty e Cypher, hein? Aqui estão Han e Deckard Shaw de presente para vocês.” No entanto, nesse mosaico de 2 horas e 30 minutos, fica claro que muitos personagens não estão desempenhando qualquer papel narrativo, estão ali apenas para deleite dos fãs.

Certo, com tantas pessoas, algumas delas poderiam ter um fim, não é? Errado! Se as leis divinas e físicas são coisas do passado, há apenas uma coisa intocável: a família, e é exatamente aí que tudo se torna ainda mais difícil de acreditar, mesmo para aqueles que aceitaram o viés do inacreditável.